“FINANÇAS
LOCAIS: Dúvidas de um leitor”
Não
querendo alimentar o rol de difamações, desabafos e provocações que inundaram a
comunicação social e as conversas de café nos últimos dias, gostaríamos de
contribuir com alguma clarificação sobre os temas que suscitam mais dúvidas.
Um
dos leitores do Jornal Alpiarcense coloca algumas questões pertinentes que
gostaríamos de clarificar.
Com
o titulo “FINANÇAS LOCAIS: Dúvidas de um leitor” publicado a 26 de Setembro, no
referido Jornal um leitor pergunta:
O
leitor pergunta: O plano de saneamento financeiro da Câmara obriga a que sejam aplicadas
as taxas máximas, mas os eleitos do PS/Alpiarça é a razão querem votar taxas
menores. Como é possível?
PS/AR: Ainda não sabemos se tal é possível mas, por isso
mesmo, remetemos a sua análise para o departamento jurídico da CIMLT. Cabe ao
executivo propor as taxas de IMI à apreciação e votação da Assembleia
Municipal. Cabe à Assembleia Municipal aceitar ou rejeitar ou propor uma
alternativa. O Executivo está obrigado por via do acordo de saneamento
financeiro a aplicar a taxa máxima. Mas como a aprovação da mesma é dada pela
Assembleia, esta tomou a iniciativa de rejeitar a proposta do executivo
retirando o ponto para apreciação.
Pegando nas palavras do Presidente da Assembleia
Municipal, que na sua exposição chamou a atenção para a possibilidade de se
atingirem níveis de incumprimento elevado, comprometendo-se o principio básico
do programa de saneamento que tem por objectivo a maximização de receitas. Ou seja posto de forma mais prática, vale
mais ter 1000 pessoas a pagar menos do que 100 a pagar mais e as restantes 900
a verem os seus bens penhorados por incapacidade de cumprimento desta obrigação
fiscal.
Pareceu-nos que estes argumentos era suficientes
para pedir que fosse retirado do ponto da ordem de trabalhos e colocá-lo à
apreciação jurídica, de forma a salvaguardar os interesses dos munícipes em primeiro lugar e os do saneamento
financeiro em segundo.
O leitor: Se as taxas são muito penalizadoras para os contribuintes, porque é que o PS/Alpiarça é a Razão, enquanto esteve na Câmara sempre aplicou as taxas máximas, mesmo em tempos de disponibilidade financeira em que se desbaratou dinheiro em fontes cibernéticas e estátuas do cavalo do sorraia, que já desapareceram há muito.
PS/AR: Só agora se verificam as condições financeiras
necessárias para se proceder a tal alteração. Estas estão relacionadas com o
espectável excedente de receitas provenientes da cobrança de IMI. Até à data, a
esmagadora maioria dos imóveis tinha valores tributários baixíssimos. Com o
resgate de Portugal, a troika obrigou o governo a fazer uma reavaliação de
todos os imóveis com o objectivo de aumentar as receitas de impostos sobre o
património. Ao realizar-se esta reavaliação o valor do imóvel é actualizado, e
apesar da taxa de imposto ser menor para imóveis reavaliados ao abrigo do código
do IMI, o seu valor absoluto poderá subir até 600%.
Leitor: Se a autarquia está refém do plano de saneamento financeiro, tal como o país está refém da troika, quem foram os responsáveis por esta situação?
PS/AR: No limite fomos todos nós, pois não nos envolvemos o
suficiente na vida pública ou delegamos demasiadas responsabilidades a quem não
devíamos. Mas na realidade é impossível assumirmos tal responsabilidade pois
individualmente não temos a capacidade de influenciar quem ocupa os cargos de decisão
e nos levou a este buraco. Mas podemos ter um papel fundamental, que é exigir
mais dos políticos, da justiça e não sermos coniventes com os vícios do
sistema. Ou seja, e dando como exemplo a última assembleia, se existir um
espaço na lei para que a taxa máxima de IMI não seja aplicada devemos de
explorar essa possibilidade e obrigar os executivos a rever as suas posições.
Leitor: Será que a
memória é tão curta que apague as responsabilidades do PS/Alpiarça é a Razão na
gestão da autarquia e do PS na gestão do país, que conduziram Alpiarça e o país
à situação em que infelizmente nos encontramos?
PS/AR:
Infelizmente o PS/AR apenas
poderá assumir as suas responsabilidades sobre o que foi feito no município. Alpiarça
realizou, no período compreendido entre 6 de Janeiro de 1998 e 31 de Dezembro
de 2008 um investimento de
44 276 229 €. No
mesmo período as receitas do Município totalizaram 78 637 249 €
e as despesas com pessoal
24 537 716 Euros. As receitas tiveram a seguinte aplicação: i)
Despesas de
Investimento—44 276 229 €; ii) Despesas com
Pessoal—24 537 716 € iii) Outras Despesas—9 823 305€.
O investimento realizado teve as
seguintes origens: Comparticipações Comunitárias, Capital Próprio e Capital
Alheio.
Infelizmente verificou-se uma deterioração das
condições financeiras e algumas dificuldades ao nível da gestão da autarquia
afiguram-se-nos como a base para a situação financeira em que a câmara ficou.
Leitor: Em situações de algum modo semelhantes, na Assembleia António José Seguro assume as suas responsabilidades e assina o acordo com a troika e co-responsabiliza-se pelo seu cumprimento. Em Alpiarça, o PS/Alpiarça é a Razão assume que há um plano de saneamento financeiro que impõe determinadas obrigações, mas vota de forma a que a Câmara se veja impossibilitada de o cumprir.
Para
além de irresponsabilidade, ocorrer-me-iam alguns outros adjectivos que, por
decoro e respeito pelos leitores, me abstenho de mencionar.
PS/AR: O nosso único objectivo é aliviar a população da carga fiscal imposta pelo governo da troika explorando todos os buracos existentes na lei para o fazer. Esta é a nossa exigência ao executivo. E solicitamos à bancada da CDU que nos acompanhe neste esforço
Leitor: Quanto à possibilidade de as sessões da Assembleia Municipal serem gravadas em vídeo e difundidas pela Internet, pergunto, qual a razão de tanto alvoroço?
PS/AR: É uma pergunta que terá de colocar ao Sr. Presidente
da Câmara, pois nós apenas questionámos a forma como a mesma foi informada, foi
feita e não-proposta à assembleia para sua discussão, já que há questões de
equidade a ter em conta, direitos de imagem e tipo de uso a dar. Questões
demasiado importantes para serem tratadas com ligeireza.
Leitor: Alguém não quer que a generalidade da população possa acompanhar o decorrer das Assembleias?
Leitor: Alguém não quer que a generalidade da população possa acompanhar o decorrer das Assembleias?
Que
eu saiba não são reuniões secretas, os seus membros não usam avental, e são
abertas ao público. Se eu não posso ir assistir às reuniões, muitas vezes
longas, porquê rejeitar a possibilidade de as acompanhar através da gravação em
video, na minha casa, de acordo com o tempo de que disponha, vendo agora uma
parte, mais um pouco amanhã, e por aí fora.
Rejeitar esta possibilidade afigura-se-me como um entrave à participação dos cidadãos na vida democrática, que só encontrará justificação, talvez, na má consciência de alguns.
Rejeitar esta possibilidade afigura-se-me como um entrave à participação dos cidadãos na vida democrática, que só encontrará justificação, talvez, na má consciência de alguns.
PS/AR: As Assembleias são públicas, as suas actas também e fazemos muito gosto em que os munícipes se envolvam nas mesmas. A filmagem das sessões da Assembleia Municipal nunca foi negada pelo PS/AR, assumindo que se cumpririam os princípios de transparência, equidade e já agora democráticos também.
Leitor: Mas os tempos
mudam, e com eles as vontades. Longe vai o tempo em que o presidente da
Assembleia Municipal era apelidado, pelos eleitos do PS, de arrogante,
malcriado, ditador, etc.. O que terá mudado desde então?
PS/AR: Penso que todos crescemos um pouco desde as primeiras
Assembleias nas quais as forças políticas CDU e PSD e naturalmente o próprio
executivo acusavam os elementos presentes, como representantes da força
política que esteve no anterior executivo, de terem contribuído para as
dificuldades da gestão financeira que encontraram na autarquia. Eram sessões
extremamente difíceis e os ânimos exaltavam-se com alguma facilidade.
Mas neste momento preferimos enaltecer o papel do
Presidente da Assembleia Municipal que teve a coragem de dizer “meus senhores,
não devem aprovar as taxas propostas pois o seu efeito é catastrófico para os
Alpiarcenses”. Este acto não deve ser visto como uma afronta ao executivo ou à
força partidária que o colocou no lugar de presidente, nem tão pouco como uma
colagem ao PS/AR, mas sim como um acto a favor dos Alpiarcenses.
O PS/AR apoia entusiasticamente esta proposta,
tendo em conta a existência de condições financeiras favoráveis para o efeito,
e reforçou-a com uma proposta, que é independente da primeira, seja qual for o
resultado da apreciação jurídica a decorrer.
Gratos pela oportunidade de esclarecimento
Partido Socialista de Alpiarça/Movimento Alpiarça é
a Razão
4 comentários:
Sim senhor. é assim que se faz politica séria, com esclarecimentos claros à população e a não alimentar polémicas e mentiras, como alguns tanto gostam de fazer.
Os meus parabéns aos signatários
Entre 6 de Janeiro de 1998 e 31 de Dezembro de 2008 O PS/Alpiarça fez um investimento de 44 276 229 €.
Foram com estes valores gastos que hoje temos um edifício novo da CMA, uma Biblioteca que nos deve orgulhar a todos os alpiarcense, rotundas e muito mais como a Reserva do Sorraia a funcionar e até o Parque de Campismo.
Ninguém consegue fazer o quer que seja se estiver sentado numa secretária à espera que a crise passe ou que a sorte grande bata à porta para conseguirmos fazer alguma coisa ou termos dinheiro e muitos menos se estiver à espera de duodécimos para poder pagar os vencimentos ou de subsídios para fazer alguma
Temos que o procurar e saber negociar para fazermos alguma coisa e caso necessário até nos endividarmos cautelosamente caso contrário não se consegue coisa alguma.
Alpiarça merece quem saiba e consiga fazer isto, caso contrário não passamos do marasmo em que nos encontramos
Pois também não querendo alimentar o rol de difamações, desabafos e provocações que V. Exas. (ou quem os representa) se encarregaram de difundir, do vosso esclarecimento consegui ficar esclarecido quanto ao seguinte:
V. Exas não sabem se a Câmara é obrigada a impôr as taxas máximas mas disseram logo que iam votar contra, o que levou o Presidente da Câmara a retirar o ponto da ordem de trabalhos.
Só agora é que é possível reduzir as taxas do IMI, quando a situação financeira da Câmara era florescente ( palavras dos vossos eleitos, registadas em inúmeros documentos) não era necessário porque os alpiarcenses podiam muito bem pagar.
Se a situação financeira em que deixaram a autarquia era catastrófica a culpa foi de todos nós que não nos envolvemos o suficiente e delegámos competências em quem não devíamos. Em parte dou-vos razão, não se pode entregar a chave da adega ao bêbado da freguesia. Mas já é tarde para reconhecer que os vossos eleitos não tinham capacidades para ocupar os lugares que ocuparam, e durante tanto tempo.
Por último, quanto à possibilidade de as Assembleias serem filmadas, toda a gente diz que queria, mas não foram. Um funcionário da autarquia não pode filmar, a repórter do Mirante pode.
Tirem-me deste filme, que isto é mau de mais para ser verdade.
Ainda por cima vindo de tantos professores, doutores e quase directores.
Não sou Dr. nem sequer apoiante do PS, mas tentar baralhar as contas com: "porque é que quando estiveram na Câmara não reduziram a taxa?" é lançar uma cortina de fumo sobre a realidade.
Todos sabemos que os grandes aumentos do IMI, (e que não param nos 600% de aumento, há casos piores) por imposição da Troika o grande agravamento é feito na ultima avaliação.
Pessoas que pagavam 10 ou 20 euros/ano, passam a pagar, 300 ou 400.
Com uma agravante. Uma boa parte dos pagantes perderam subsídios e/ou viram o seu vencimento reduzido e agravado com o o aumento brutal da inflação real.
Juntemos a estes factores o aumento de todos os actos em que o cidadão interage com o Estado, nomeadamente taxas moderadoras, IUC, actos notariais, custas judiciais, etc, que sofreram brutais aumentos.
Não querer perceber isto, só pode ser por duas razões; ou insensibilidade total perante as dificuldades do povo, ou por pura demagogia política.
Ora sendo o PCP um partido amigo do povo, como tantas vezes gosta de reivindicar, não admitindo baixar a taxa do IMI, só pode ser por considerar os proprietários como terríveis capitalistas.
Afinal,estes até têm a desfaçatez de ter uma casa própria para viver.
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