VOTO DE PESAR
Com 90 anos
faleceu no passado dia 19 de Novembro Leocádio Teodoro do Vale.
Foi um
alpiarcense que desde adolescente, e perante as injustiças que sentia no seu dia-a-dia
de trabalho e das que presenciava, sofridas por muitos dos que o rodeavam e
ainda pelos ecos que por cá chegavam da terrível guerra civil que a poucas centenas
de quilómetros acontecia em terras de Espanha, despertou para o lado dos que
clamavam por Justiça, por direitos sociais e políticos, pela Democracia.
E cedo também se
envolveu na actividade política-partidária, filiando-se no Partido Comunista
Português, do qual foi militante até à sua morte.
Pagou bem cara
essa militância política. Foi preso pelos esbirros da PIDE, polícia política do
regime de Salazar, a qual o sujeitou à tortura psíquica e física. Esteve
encarcerado nas prisões políticas do regime durante mais de oito anos, acabando
por ser o lutador antifascista de Alpiarça que mais tempo foi mantido atrás das
grades.
Mais tarde e já
após o 25 de Abril de 1974, foi regedor em Alpiarça, até esta figura
administrativa ser extinta.
Leocádio Teodoro
do Vale, homem respeitado na comunidade alpiarcense, foi também um importante
promotor e actor da Cultura. Envolveu-se e envolveu gerações de alpiarcenses em
actividades culturais, particularmente na arte cénica. Sabia ouvir e fazia
ouvir a sua sabedoria.
Fez parte do
Grupo Cénico da Sociedade Filarmónica Alpiarcense 1º de Dezembro e, mais tarde,
do Grupo Amador de Teatro de Alpiarça, uma estrutura comum às Secções Culturais
daquela colectividade e do C. D. Os Águias. Além disso também foi um elemento
preponderante nas suas Secções Culturais, então locais de confraternização e de
difusão da Cultura e de ideais políticos contra a ditadura fascista.
Leocádio Teodoro
do Vale também pintou, declamou e escreveu algumas obras do foro filosófico.
Por tudo isto, a
Assembleia de Freguesia de Alpiarça, reunida em sessão ordinária delibera:
Manifestar o seu mais profundo pesar pela
perda deste alpiarcense e apresentar as condolências à sua família.
Delibera ainda esta Assembleia de Freguesia
comunicar publicamente este voto de pesar à população de Alpiarça, através de
anúncio a ser inserido no mensário Voz de Alpiarça.
Alpiarça,
18.12.2013
1 comentário:
Homenagem póstuma de um discipulo:
Tinha eu então 14 anos em 1952,quando comecei a ler Marx e Lenine, livros que este camarada, nessa data tinha em seu poder.
Pelo seu intermédio vi a saber que tinha sido o meu pai a emprestar-lhe os ditos livros, fiquei de facto admirado, pois pensava que o meu pai já não tinha
livros nessa época. Lá lá vão 63 anos e recordo a pessoa que me iniciou a ler e a compreender Marx e Lenine.Que a sua alma esteja em Paz onde ela estiver.
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