A Associação Nacional de
Municípios mostrou-se desfavorável à transferência de competências para as
autarquias nas áreas da educação, saúde, segurança social e cultura, proposta
pelo Governo.
A Associação Nacional de
Municípios Portugueses (ANMP) deu “parecer desfavorável” à transferência de
competências para as autarquias nas áreas da educação, da saúde, da segurança
social e da cultura, nos termos propostos pelo Governo. “A Associação não está
em condições de poder dar um parecer favorável à contratualização da
descentralização de competências [naqueles setores], nos termos propostos pelo
Governo”, disse hoje, em Coimbra, o presidente da ANMP, Manuel Machado.
“Foi convencionado que a
documentação e os estudos seriam atempadamente partilhados” pelo Governo com os
municípios, mas “isso não tem acontecido”, explicou Manuel Machado, que falava
aos jornalistas, ao início da tarde de hoje, em Coimbra, depois de ter
participado numa reunião do Conselho Diretivo (CD) da ANMP. “Há documentação
que ainda não foi fornecida até agora”, salientou o líder da ANMP, que também é
presidente da Câmara de Coimbra, sustentando que “uma descentralização ou uma
contratualização ou um acordo interadministrativo” exige, designadamente,
estudos e projetos de diplomas e contratos-tipo.
“Precisamos de saber o
que é que vai constar no contrato-tipo” a celebrar para cada uma das
atribuições, salientou Manuel Machado, considerando que em relação à área da
educação há, no entanto, “um entendimento generalizado de que as coisas têm
caminho para andar”, embora “sujeitas a determinados acertos”.
O projeto de decreto-lei
apresentado pelo Governo para a transferência de competências na educação “visa
projetos-piloto”, mas “é necessário estipular o contrato-tipo”, frisou,
acrescentando que, depois, esse contrato será “ajustado por cada município” de
acordo com as “realidades próprias” de cada um. É necessário “definir fontes de
financiamento, níveis de responsabilidade, de atribuições, de qualidade do
serviço que é prestado hoje e a prestar” no futuro, exemplificou o presidente
da ANMP, insistindo na ideia de que estas matérias precisam de estudos prévios,
“que não há ou, melhor, não foram partilhados” com os municípios.
Na educação,
registam-se, no entanto, “avanços significativos”, reconheceu Manuel Machado,
considerando que em relação à cultura “não há motivos que levem a interrogações
acrescidas (embora para qualquer projeto seja indispensável um contrato-tipo
proposto [pela tutela]”.
No setor da segurança
social, “há inúmeros aspetos que estão por esclarecer e não há documentação,
nem estudos que tenham sido apresentados” à ANMP, para, “a partir deles”, a
Associação poder refletir e pronunciar-se. Quanto ao setor da saúde, a situação
é “muitíssimo grave”, pois o Governo não apresentou nenhum estudo e propõe-se
“descarregar atribuições” nas autarquias, sintetizou Manuel Machado.
Na reunião de ontem, o CD da ANMP também se deteve sobre outras questões, relacionadas designadamente com o congresso da Associação, a realizar no último fim de semana de março, em Troia.«i»
Na reunião de ontem, o CD da ANMP também se deteve sobre outras questões, relacionadas designadamente com o congresso da Associação, a realizar no último fim de semana de março, em Troia.«i»
Sem comentários:
Enviar um comentário