VERSOS
Minhas senhoras
e meus senhores
O Enterro do
Galo aqui está
Para grande
desassossego
De quem tem a consciência má
Vou ler o meu
testamento
Na hora de eu
abalar
Que ninguém
solte um lamento
Em especial a quem tocar
Trajo-me hoje
de bobo
Pr’ás verdades
fazer ouvir
Quem não quiser
ser lobo
Não lhe deve a pele vestir
Os versos que
agora leio
São à boa
maneira antiga
Pra que todos
sintam melhor
O que é ter dor de barriga
Dor de barriga,
de fininho
E um grande
formigueiro
De nervoso
miudinho
E as tripas num berreiro
Leio agora o
testamento
Está na hora de
começar
Não se assustem
por favor
Os que vou pra’qui chamar
Ireis ver, é
igual
Aos Enterros já
passados
Um glorioso
funeral
Com tantos lençóis usados
Está na hora de
dar início
À leitura do
testamento
Nem tudo aqui é
fictício
Tudo é obra do momento
Censurámos o
que pudemos
Cortámos versos
com maldades
No entanto não
quisemos
Deixar de dizer as verdades
Eu sei que vou
morrer
Minha vida vai
acabar
Mas antes disso
não deixarei
De os ladrões denunciar
Na minha
capoeira eu estava
Vivendo
descansadinho
Não havia galos
em Alpiarça
Foram roubar-me ao Casalinho
Vou deixar aos
meus algozes
Nestas horas de
aflição
Um lápis para
denunciarem
Os mentores da corrupção
Enquanto me
restarem forças
Minhas asas
baterei
Para afastar os
maus cheiros
Dos peidos que agora dei
Esses ditos mal
cheirosos
Vão ter que os
aguentar
Passei convosco
fome negra
Fiquei sem nada para cagar
Neste público
funeral
De tochas todas
a arder
Que o meu dono
não leve a mal
Se as orelhas sentir a ferver
O roubo foi bem
planeado
Não fosse o
diabo ouvir
O meu destino
foi traçado
Enquanto ele estava a dormir
Roubaram-me ao
amigo Ferreira
Do café do
Casalinho
Foi uma
aventura à maneira
Foi tudo limpinho, limpinho
Limpinho disse
um figurão
Do clube da
águia ao peito
O Ferreira é do
leão
Ali anda tudo direito
O Ferreira
ficou tão triste
Nem consegue
ver-se ao espelho
O roubo foi
como um pé em riste
E falta para cartão vermelho
A clientela que
lá vai
E que não
esteja em sintonia
Ou se porta bem
ou então sai
E ouve o relato na telefonia
Há outra
clientela que até
Não vai tanto
em futebóis
Vai pra lá
tomar café
E mostrar os caracóis
Caracóis e
penteados
De mulheres de
línguas finas
Descascam nos
pobres coitados
São serpentes viperinas
Do sítio de
onde eu vim
Havia por lá
tanta gente
Por que me
roubaram a mim
E não a um primo ou parente?
Foi má sina,
foi má sorte
Estou aqui
agora a pagar
Enfrento a pena
de morte
Estou-me todo a borrar
Aquele que me
foi roubar
Tão nervoso
devia estar
Que ao
deitar-me a mão
Não me agarrou
pelas patas
E apanhou um cagalhão
Com o suor
correndo em bica
E comigo bem
apertado
Passou com a
mão pela testa
E ficou todo cagado
Mais parecia um
soldado
Com a pele
camuflada
Estava pronto
para o combate
Pois da cara não se via nada
Os salteadores
de meia tigela
Roubaram-me e
foram apressados
Tiveram que
levar uma barrela
Por ficarem todos mijados
Naquela noite
fatal
Estavam bêbados,
desde a manhã
Por pouco não
roubavam um bode
E uma cabrinha anã
Aquilo por lá é
demais
Há lá tanta
bicharada
À noite é
difícil ver quais
E às tantas não se rouba nada
Por isso agora
acredito
Que os bêbados
que me roubaram
Enganaram-se no
veredicto
Quando à noite me apalparam
Já tinha os
olhos toldados
Aquele que me
roubou
Os meus tomates
sentiu molhados
O que bastante lhe agradou
Olhou para mim
já de lado
Parecia que
estava a tombar
Estava em tão
lindo estado
Que via tudo a dobrar
Quando este
mundo deixar
Quero um
funeral de estica:
Ficar na cova
de cu pró ar
Pra cagar pra quem cá fica
Adeus adorado
dono
Tenho enfim que
me calar
Pra que subam
agora ao trono
As verdades de pasmar
A todos os que
estão pra’í
A aguardar o
falaró:
Aos que fizeram
das boas
Não terei de vós qualquer dó
É agora, já de
seguida
Que os canhões
vão troar
Que ninguém
esteja de saída
Pois as verdades vão soar
Era uma vez uma
pessoa
Tão pura como o
diamante
Que por ser
assim tão boa
Foi expulsa num instante
Aos pobres
sempre ajudou
Aos ricos até
nem por isso
Tantas invejas
criou
Que lhe lançaram o feitiço
Juntaram-se as
almas danadas
Pró tirar de cá
pra fora
E só ficaram
descansadas
Quando o mandaram embora
Alpiarça
embasbacou
Nunca se viu
nada assim
Um homem bom
que tombou
Perseguido por gente ruim
Quem o fez é
especialista
Nestes
trabalhos à maneira
Ela é sempre
muito bem vista
Em saneamentos de primeira
No passado tão
mal nos fez
Recordar dá-lhe
prazer
Saneou agora um
homem bom
Que nada fez para o merecer
Foi uma
sacanice maior
Ficaram todos
assim tão bem
Calar a quem
tem outra cor
E muitos dos leitores também
É uma “nova”
democracia
Que nos estão a
oferecer
Nesta nossa
freguesia
Padre não se pode ser
Porque esta
vida é danada
Vejam bem estes
caminhos
Prémios aos que
não valem nada
E aos bons cravam espinhos
É uma nova lei
da rolha
Vê-se bem a
olho nu
É uma péssima
escolha
Metam a rolha no cu
Viva a maior
regateira
Da vila de
Alpiarça
Sai cedinho pela
manhã
Como quem vai para a caça
Tanto espera
pela hora
Nem é capaz de
dormir
Logo que sai
porta fora
É uma víbora a cuspir
Cuidem-se bem
todos vós
Vejam bem no
que vai dar
Até os piores
linguareiros
Levam todos que contar
Uma língua como
a dela
Não se acha do
pé prá mão
Mesmo as da
telenovela
São só uma imitação
Mas que cobra
venenosa
Anda a lançar
confusão?
Descubram-na
entre vocês
Quem tiver espelho à mão
No clube da
calhandrice
Que existe no
Casalinho
Há lá muita
malandrice
E todas falam fininho
São todas umas
santinhas
Vê-las até me
faz dó
Vão prá farra,
coitadinhas
Pró dancing do Solidó
Há uma senhora
de lá
Com estilo de
mulher fatal
Tem uma doença
tão má
Só lhe dá para dizer mal
O que a leva a
ser assim
A ter uma vida
tão dura
Eu tenho, mas
só para mim,
Que é falta de galadura
Um concurso foi
aberto
Para alguém
fazer um jeito
Para tudo poder
dar certo
Foi cozinhado a preceito
As funções que
exigia
São coisa
d’aparvalhar:
Conhecimentos
sem valia
E saber ler e contar
Eu, galo, fui
ao concurso
Mas a coisa
correu mal
Fui fazer
figura de urso
E dispensaram-me da oral
Já nem sei o
que dizer
Tal concurso
não entendi
Sei o que todos
estão a ver
Há mau cheiro por ali
Uma menina de
uma organização
Foi ao encontro
do amado
Mas com a
pressa e a aflição
Logo entrou no carro errado
Ai querido ai
que saudade
Disse ela ao
entrar
Desculpa esta
ansiedade
Eu só te quero abraçar
Disse isto sem
olhar
E pôs logo lá a
mão
Mas depois ao
reparar
Soltou grande exclamação:
Ai Jaquim que
me enganei!...
Eu já estava a
achar estranho
O farfalho que
agarrei
Tem agora outro tamanho
E a moral desta
história
Vejam bem no
que isto dá
Elas são tão
assanhadas
Que papam tudo o que há
Como
Alpiarcense e sócio
Mostro a minha
indignação
Contra os
sócios que aqui meteram
A actual Direcção
Os Águias é um
clube histórico
Com passado
para respeitar
Que venha uma
Assembleia
Para os porem a andar
Estão cá há
tempo a mais
Vejam só as
confusões
No passado
receberam e não pagaram
As taxas do Euromilhões
Agora já não há
contínuo
Para assegurar
a gestão
Desta nave
desafinada
Que está em autogestão
Quando foram as
eleições
Tudo fizeram
para nos enganar
Telefonaram e
trouxeram sócios
Para neles irem votar
Ao presidente
da Assembleia eu peço
Que seja ele a
denunciar
Informando
todos os sócios
Do que se está a passar
Cabe-lhe essa
responsabilidade
E os sócios já
comentam
Que são raros
os directores
Que as reuniões de Direcção frequentam
Andam pr’aí
três jeitosos
Figuras como
estas não há
Temos que
aturar os manhosos
Nas voltas que Alpiarça dá
Um, é sabichão
a preceito
E deitou as
contas à vida
Ser vereador
fez-lhe jeito
Governou-se e bateu de saída
Outro é um
grande espertalhão:
De cá da ponte
é PROGRESSISTA
Depois, como
bom camaleão,
P’ra lá da ponte já é CENTRISTA
O terceiro não
tem bons modos
Nem uma figura
de gente
Olha de lado,
pisa todos,
E manda mais que o presidente
Têm um pouco de
tudo
Nenhuns são
bons dançarinos
Adivinhem lá
neste entrudo
O nome a dar aos três meninos.
Só aqui em
Portugal
Se investe em
luxo e ostentação
Mas isso até
não faz mal
Porque é a bem da nação
Se o
investimento é empregue
Em tanta
futilidade
Não admira que
o desemprego chegue
A ser esta calamidade
Foram e são
estes dirigentes
Que fizeram
Portugal assim
São os piores
prepotentes
Não há gente tão ruim
Deixaram o País
de rastos
São tantas as
barbaridades
Cada vez são
mais os gastos
Para encher o cu de vaidades
Alpiarça não é
excepção
É por demais
evidente
Aquele grande
carrão
Que transporta o presidente
Dizem que
aquele BM
Foi uma compra
de outros tempos
Só que o povo
agora geme
E ninguém ouve os seus lamentos
Exibiram sempre
com gosto
Automóveis de
estadão
Se a cagança
pagasse imposto
Iam todos para a prisão
A Alemanha
ri-se de nós
Porque nos
vende os carrões
Empenhamos o
que foi dos nossos avós
Para lhes darmos milhões
Somos pobres
mas cagões
Sobranceiros e
pedantes
Faz-estercos e
mandriões
Está tudo como dantes
A alemã loira e
anafada
Não tem de que
se queixar
Vende-nos tudo,
a malvada
É sempre, sempre a facturar
Goza com o
nosso povo
Com discursos
que são hinos
Não nos traz
nada de novo
Trata-nos abaixo de suínos
E como tudo se
aceita
Como se fosse
natural
Esta alemã
insatisfeita
Caga ordens no nosso quintal
Aqui a deixamos
a nu
Vá mandar para
outro lado
E o Coelho que
lhe lambe o cu
Que o saboreie bem untado
Falámos há
pouco de imposto
Para a vaidade
taxar
Digam lá se não
é um desgosto
O que agora vou contar
Era uma vez um
senhor
Muito humilde
até mais não
Não gostava de
quem era esbanjador
Desde que fosse da oposição
Chegou no
passado a criticar
De uma maneira
brutal
Fotos que
andavam a publicar
No Boletim e no Jornal
O seu perfil de
barbudo
Atraiu votos
como o mel
Em Alpiarça deu
tudo por tudo
Para parecer o Fidel
E é por isso
mesmo até
Que não acha
ser pecado
Ser comparado
com o Ché
E aparecer em todo o lado
Aparece em
todos os lados
Mesmo que dos
outros se esqueça
Deixa-os a
todos sentados
Para que lhe vejam sempre a cabeça
Falo agora eu,
o galo
Para dizer aos
que aqui estão
Que estas
peneiras de estalo
Não são maneiras boas, não
Quando
Alpiarça, freguesia
Enfeudada a
Almeirim,
Passou a cabeça
concelhia,
Houve cá um grande festim.
Foi em Abril,
mês da luta
Dos cravos
vermelhos de essência,
Que em cem anos
de disputa
Viu chegada a sua independência.
O grande mar de
gente desagua
Engolindo em
onda os democratas
Que por honra
da terra que é sua
Quebraram nessa data as arreatas
O Alpiarcense é
bairrista,
E os problemas
na alma os sente;
A independência
foi por todos bem vista
E o disseram de forma eloquente
A aventura
chegara ao fim
E o povo gritou
à força de pulmão:
- Eh malta!
Somos livres enfim!
Pra fazer ver
àqueles de Almeirim
Que Alpiarça tem gente de tesão!
Fortunas feitas
à pressa
Oh patego olh’ó
balão
É tudo legal,
ora essa
E viva o nosso povão
As negociatas
estão aí
É um fartar
vilanagem
Só querem tudo
para si
Mas que ninho de sacanagem
Parecem todos
tão puros
Anjinhos
cobertos com mantos
Não passam de
grandes maduros
Mafiosos com caras de santos
Sorrisinhos e
apertos de mão
Falam só do que
mais gostas
Metem-te todo
no coração
Mas esfaqueiam-te pelas costas
É este
novo-riquismo
É esta tropa
fandanga
Falam com todo
o cinismo
E deixam o povo de tanga
Ai Alpiarça,
Alpiarça
Quem te viu
antigamente
Pára lá de
achar graça
A esta trampa de gente
Pois esta
espécie prepotente
Como alguns
políticos de cá
São mortais
como a serpente
E tão bons como o Ali Babá
Eles tanto
querem parecer
E Volvos querem
comprar
Que passam fome
a valer
E as casas vão empenhar
Tanta cagança
ostentada
Tanto BM novo
em folha
Vocês não
prestam para nada
Façam da vaidade uma rolha
Mas façam-na
bem a preceito
Pr’á meterem
direitinha
Onde sabem, mas
com jeito…
No sítio em que apanha a galinha
O que faz mais
impressão
A quem disto
não percebe
É que o Volvo é
um dinheirão
Pr’a quem só um salário recebe
O BM é como um
carimbo
Ou um produto
bem cheiroso
Faz parecer
fino o bimbo
Ou o mais temível mafioso
E os novos
donos de tudo isto
Só de Mercedes
sabem andar
É uma coisa que
só visto
Tanta cagança a ostentar
Tanta manha e
vaidade
Escondem quase
de certeza
Uma vergonhosa
desigualdade
E falta de pão sobre a mesa
Meteram-nos numa
grande prisão
De onde é
difícil sair
Aos ladrões
dão-lhes perdão
E a nós puseram-nos a pedir
Dizem que não
temos desculpa
Com dívidas até
ao pescoço
Os pobres estão
com a culpa
E os bancos com tudo o que é nosso
Não nos deixam
sequer respirar
Deixaram-nos
sem um tostão
Só nos falta
agora pagar
Por largarmos um cagalhão
É de raiva este
meu desencanto
Daí grito até
ficar rouco:
Nunca tão
poucos com tanto,
Nunca tantos com tão pouco
Martelam a
nossa cabeça
Sempre com o
mesmo refrão
Pra fazerem que
pareça
Que o povo gastou um dinheirão
Os Euros foram
quase dados
Sem garantias
reais
Para os
corruptos espatifarem
Em Mercedes e obras a mais
Mas que grande
desilusão
Esta Europa de
malandragem
Os ricos
nasceram da corrupção
É um fartar vilanagem
Oh Europa dos
banqueiros
E de um Barroso
durão
Aos pobres
roubou os mealheiros
E aos ricos deu um dinheirão
Os ricos têm o
proveito e a fama
De nos roubarem
o dinheiro
Compram carros
topo de gama
E escondem o resto no estrangeiro
Não é o que diz
na Alemanha
A gorda loira e
arrogante
Aquela mulher é
só manha
Que nos lixa a todo o instante
Aponta-nos
sempre um canhão
Atinge-nos com
tantos punhais
Fala-nos com
armas na mão
E trata-nos como animais
Considera a
figura alarve
Que o povo é
gastador
E que passa o
ano no Algarve
A fingir ser um senhor
Mente sempre à
sociedade
Mente e mente
até mais não
Para justificar
a austeridade
Para os pobres que aqui estão
É isto que a
Europa merece?
Parece que
estamos no Entrudo
A banca faz o
que lhe apetece
E vemos a democracia por um canudo
Esta é a Europa
dos banqueiros
E dos ricos de
barriga inchada
É um sítio de
maus cheiros
De uma merda mal cagada
Merda pra nós
povoléu
Desemprego e
grande tristeza
Crianças de
barrigas ao léu
E falta de pão sobre a mesa
Oiro prós ricos
da sorte
De corruptos e
malfeitores
Dos que causam
no povo a morte
Em hospitais sem doutores
Quem quer saúde
que a pague
Disse o
democrata deputado
Oh doente não
se estrague
O que tem é mau-olhado
E se você não
tem dinheiro
Não proteste
não seja bera
Corra já ao
curandeiro
Lá não há lista de espera
Se a sua cura
demora
E se a morte o
espreita
Você vai ver
que melhora
Se for já ao endireita
Como bom
ministro que sou
Aconselho-o,
tome nota
Siga os
conselhos que dou
E evite bater a bota
Vá à bruxa digo
eu
O mesmo faço no
Ministério
A saúde não cai
do céu
Está desvendado o mistério
As pessoas não
percebem
Ou então não
querem ver
Que a
assistência que recebem
É mais do que o que podem merecer
Oiça o que lhe
diz este galo
Sr. ministro de
ocasião
Oiça bem como
lhe falo
E peça já a demissão
Faça-nos lá
esse jeito
Sr. ministro do
tanto-faz
A saúde é um
direito
Deixe-nos a todos em paz
E a nossa
educação
Está entregue a
um Crato
Homem de grande
elevação
E de um belo e fino trato
Faz-nos lembrar
a cultura
Do antigo prior
do Crato
Mas com a mesma
postura
De um velho e manhoso rato
Prometeu
milhares em fundos
Prometeu por
prometer
Acenou com o
melhor dos mundos
E estamos todos a arder
Falou-nos como
o prior
Com falinhas
mais do que mansas
Para nos
enjaular no pior
Dos infernos das descrenças
Há professores
sacrificados
Pra eles foi-se
borrifando
Os empregos são
queimados
E prós alunos está-se cagando
E também há um
Coelho
Bicho que deixa
má memória
Será lembrado
no futuro
Como um fraco da nossa história
Ao povo mostra
arrogância
Castiga os
pobres sem perdão
E aos de grande
ganância
Baixa as calças e o calção
É um coirão, de
ideias vazio
Premeditado e
velhaco
Tudo nele é
negro e frio
De um povo forte fez fraco
Não pensem que
exagero
Por estarmos no
Carnaval
Ele quer fazer
o enterro
Da democracia em Portugal
A vida que nos
está a dar
É como um fruto
sem sumo
Não podemos
continuar
Temos que mudar de rumo
Uma nação como
a nossa
Merece ter
outra sorte
E um governo de
gente boa
Que nos aponte o norte
Não há velhaco
que se reconheça
Nem coirão que
não se esqueça
Como não há
puta que não se envaideça
Nem corno que não olhe prá cabeça
Ficam-lhe bem
as luvinhas
É minha
opinião, eu acho…
Lá foram três
panconinhas
Comprá-las lá pró Cartaxo
Já parecem uns
atletas!
Agora andam a
correr...
Comem que nem
uns alarves
E a barriga a crescer.
O Canino é o
pior!
Pois tem as
pernas curtinhas,
Quando o galgo
abre as dele,
Lá vão eles... Ah patinhas!
Passa a vida a
ralhar,
Tem uma dor na
perninha
Mas se eles
falham um dia
Dia triste, sina a minha.
Local de
encontro? Barragem.
Três voltinhas
a aquecer.
Final da tarde?
Adegagem!
Branco ó tinto? Pode ser!
Adega velha...
já foi.
Tertúlia nova é
agora.
Coisa fina, sim
senhora!
Quem lá vai não vem embora.
Já foi um, vai
no segundo
O que mais se
seguirá?
Dá um homem
filha ao mundo
Pra prego a fundo e já está.
Vila, virou
Patracola
Oposição,
palhaçada
Futuro é
palavra nova
Pior que isto… só nada!
Entendam-se
meus senhores
Isto assim não
pode ser.
Se continuamos
assim
Alpiarça... vai morrer.
Juventude da
nossa terra
O futuro está
aí.
Grita,
esforça-te, revolta-te,
Ninguém o fará por ti.
Em Portugal
também é
No Brasil
branco é doutor
Mas certo,
certo, certinho
Licenciado, é senhor...
O Mestrado, vem
a seguir
E é sinal de
valor,
E só depois
então sim,
Lá vem o grau de doutor.
Se bem fizermos
as contas
Doutorinhas há
tão poucas,
Licenciados há
muitos
Com cabecinhas tão ocas.
O hábito não
faz o monge
Já diz o velho
ditado
O
comportamento, esse sim,
Faz o homem ser honrado!
E desta forma
singela
Vou deixar meu
testamento
Abaixo o tacho
ou a tigela
Acima o desenvolvimento.
A brincar
verdades digo
Mais haveria a
dizer
Vou-me ficar
por aqui
Antes que me mandem… cozer!
À Câmara de
Alpiarça
Vou dar-lhe uma
opinião
Que seja mais
democrata
E respeite a oposição
Como não
estavam habituados
A quem lhes
fizesse frente
Pensam que são
os maiores
De toda a nossa gente
Respeitem-se
uns aos outros
Parem com a
palhaçada
É uma vergonha
para todos
E não vai levar a nada
É tão grande a
confusão
Que começa a
ser irritante
Se quiser saber
da situação
É só ir ler o Mirante
Nas Assembleias
Municipais
Embora com
opiniões diferentes
Trabalhem todos
iguais
Para bem das nossas gentes
Anda por lá um
capataz
Pessoa muito
interessante
Em trapalhadas
é um ás
Faz notícias no Mirante
Cumpra bem o
seu lugar
Nada faça por
favor
Seja mais
imparcial
Faça jus a ser doutor
Aconselho a
oposição
Se detectarem
lá batota
Não tenham medo
de nada
Chamem mas é a PJ
Para uns
políticos de fachada
Deixo uma tripa
cagada
Pois como todos
nós sabemos
Eles não prestam para nada
Alguns mudam de
partido
Mas não é a
tempo inteiro
Porque eles
sabem muito bem
Que é isto que lhes dá dinheiro
É sempre mais
algum que vem
E isso é uma
boa forma
De juntar mais
dinheirinho
À sua boa reforma
Lobos agora são
todos eles
Vivendo em
acção de graça
Mas afinal quem
se lixa
É o Povo de Alpiarça
E a um certo
vereador
Que é o que
mais arrisca
Pois até numa
Assembleia
Lhe chamaram vigarista
Quem tal lhe
chamou, coitado
Melhor
estivesse calado
E limpasse bem
o cu
Porque anda sempre cagado
Foi acusação
muito grave
Feita numa
Assembleia
Mas nós todos
sabemos bem
De onde partiu a ideia
Se é um caso
pessoal
Discutam isso
bem distante
Ao fazerem tal
vendaval
Têm à perna o Mirante
Quanto à outra
oposição
Essa é mais
conservadora
Porque tem
telhados de vidros
Pelo que fizeram outrora
É assim que se
pratica
A política em
Alpiarça
Mas todos nós
bem sabemos
São políticos da mesma farsa
O nosso museu
dos Patudos
Como ex-libris
de Alpiarça
Não tem lá
gente que chegue
Pra atender a quem por lá passa
Diz a Câmara
que não pode
Meter pessoal
para contratar
Os que ali só
mudam lápis
Vão para lá trabalhar
Parece aquilo
uma colmeia
Com abelhas que
vão e vêm
Tentando
mostrar aos munícipes
O trabalho que não têm
Os autocarros
estão parados
E o Galo sempre
a chorar
Se não me
compram carro novo
Ainda me ponho a andar
Magrinhos e
desnutridos
Estão os
cavalos da Reserva
Coitados dos
animais tão queridos
Estão sem ração e sem erva
Coitado também
do baixito
Que falou sem
bem saber
Já estaria ele
a pensar
O que lhe iria acontecer?
Meu esporão
deixo, sem saudade
Ao bom rei mago
Gaspar
Para a próxima
apura a verdade
Antes de começares a falar
Deixo o meu
bico amarelo
A uma
coordenadora eficiente
Pra que seja
mais humilde
E também mais obediente
Deixo também a
minha mágoa
À mesma
coordenadora
Não seja apenas
licenciada
E sim mais trabalhadora
Deixo o meu
olho bem aberto
Às meninas dos
RH
Que passam o
dia na internet
A ver tudo o que lá está.
Deixo a minha
crista altaneira
Às meninas do
lavadouro
Fizeram um
trabalho à maneira
E deixam cá o seu tesouro
Foi um trabalho
fecundo
Com uma
psicologia avançada
Desejo-vos toda
a sorte do mundo
Para a vossa caminhada
E projectos
bons como este
Terminam assim
em Portugal
Como se
tivessem tido peste
São enterrados num mau funeral
Agora o que
está a dar
É o baile das
velhinhas
Bem que se
agarram a eles
Mas sem sorte coitadinhas
Agarram-se tão
bem aos “machões”
Mas não causam
nenhuns danos
Como os ditos,
pobrezinhas,
Já não têm 20 anos
Mas apesar
disso tudo
Lá vão indo ao
bailarico
Na esperança
fugaz
De arranjar um namorico
Alguma de 80
anos
Que queira
afiar a moca
Basta dançar
uma valsa
Com o balharico ZÉZÓCA
Vão lá também
casadinhas
Sempre prontas
a dar ao pé
Os maridos
ficam em casa
E esperam a ver como é
Andava de mamas
ao leu
Por aquele
quintal comprido
A chamar alto e
bom som
Onde estás meu querido marido?
Ele não estava
por ali
Estava noutro
sítio qualquer
Nem sequer
estava por perto
Mas em casa de outra mulher
Quando ela deu
pela traição
Ficou triste e
a sofrer
E depois tapou
as mamas
Para ele nunca mais as ver
Agora já está
tudo bem
E assim é que a
vida é bela
Ele deixou as
namoradas
E agora já só pensa nela
Mas cuidado
meus senhores
Evitem estas
traições
Porque agora
com o baile das velhas
Elas também lá deixam os corações
Esteve um
artista a pensar
Que cornos são
pra outros enfeitar
Um dia chegou a
casa mais cedo
E viu a mulher com outro, na cama a
costurar
Dói muito,
disse ele entre dentes,
Confessando a
soluçar,
Por ter de os
cortar rentes
Pra nas portas poder passar
Aos chifres já
me acostumei
Como família de
estimação
Peço-te agora
minha princesa
Que não me abandones não
Disse uma amiga
à sua amada: Ai!
O filho não se
parece com o pai.
Cala-te! se o
outro vem a saber
Começam-lhe os chifres a doer
O nosso filho
fez seis meses de amor
Levo-o ao
doutor outra vez
Este observa-o
e exclama: abra os olhos!
Não vê que o garoto é parecido com um
chinês?
Chegou a casa e
começou a gritar:
Dou-te um tiro
e mato-te! Tu vais ver!
Nunca chegando
a pensar
Que o mal lhe podia acontecer
Subiu ao
telhado pra se matar:
- Oh
desmiolado, nem penses em saltar!
Tens um par de
cornos de pasmar
E não umas asas pra voar!
Está já perto o
meu fim
Que ninguém me
leve a mal
Tenham todos dó
de mim
No hora do meu funeral
Vou-me embora,
vou partir
Mas fica de pé
a razão
Porque nos
Enterros se faz rir
E disso detesta um figurão
Não são versos
feitos na tasca,
Nem ofensas à
liberdade,
Nem são uma
forma rasca
De se dizer a verdade
Para um destes
senhores
Que se armam em
doutores
E andam sempre
clandestinos
Aqui deixo alguma
coisita
Um pouquito de
merdita
Dos meus rotos intestinos
E às
regateiras,
Coscuvilheiras
e casamenteiras,
Aos más-línguas
e bocas santas,
Não deixo o que
queria deixar,
Porque mesmo
depois de morto
São capazes de me ir desenterrar
Sonho dar a
estes todos
Mas não sei se
vão deixar:
Muita merda
cagada a rodos
Pra se poderem banhar
Deixo a umas
certas viúvas
O meu órgão de
galar
Não esquecerei
as divorciadas
Que também irei consolar
Lego o meu cu
bem cagado
Nada mais lhes
vou deixar
A todos os que
aqui vieram
Para deles se ouvir falar
São parasitas
vaidosos
Outro nome não
lhes vou dar
Passam por cá
nesta vida
Sem com nada se ralar
Para os rufias,
vigaristas e aldrabões
Para essa seita
danada
Deixo minha
tripa cagueira
Porque a merda já foi doada
Aos gulosos,
aos linguareiros,
A esses
ranhosos boateiros,
Deixo o bico e
a crista
Para comerem
com coelho,
Esperando que
levantem a vista
E se vejam bem ao espelho
O testamento
está no fim
Lembrem-se
todos bem de mim !!!
Podem sair, até
para o ano,
Não vieram ao
desengano.
Chegou a hora
de acabar
Podem agora ir
mijar!
FIM
UM EXCLUSIVO "JORNAL ALPIARCENSE" EM COLABORAÇÃO COM
A DIRECÇÃO DA AIDIA
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