segunda-feira, 1 de abril de 2013

Constitucionalistas acusam governo de “amadorismo” e lembram que "TC não está vinculado à troika"

Jorge Bacelar Gouveia acusa o governo de exercer uma pressão dissimulada sobre o Tribunal Constitucional (TC).
No Fórum da TSF desta segunda-feira, o constitucionalista afirmou que o executivo revelou “um total amadorismo” em relação ao TC e criticou as declarações de Passos Coelho, que, na semana passada apelou à responsabilidade daquele órgão, perante a situação económica do país.
«O governo revelou um total amadorismo na condução deste processo não obstante o direito que tem de achar que as normas não são inconstitucionais” afirmou, acrescentando que “já exerceu esse direito, porque fez incluir no processo de fiscalização um parecer (…) Já fez ouvir a sua voz junto do TC”.
Por isso, Bacelar Gouveia disse não entender por que é que o governo decidiu usar agora os órgãos de comunicação social como intermediários nesse tipo de questão e considerou que isso “só vai acirrar o ambiente e crispar as relações entre o governo e o Tribunal Constitucional e ninguém ganha com isso”
O constitucionalista referiu ainda que, apesar de defender que aquele órgão de soberania deve ter em conta o contexto económico-financeiro, equilibrando-o com o respeito que se exige pela Constituição, não podem ser usados argumentos como a crise política ou o país a cair na bancarrota para tentar pressionar o TC a uma resolução mais favorável ao executivo, ignorando a inconstitucionalidade de algumas normas.
Jorge Miranda vai mais longe. O constitucionalista defendeu, no mesmo programa da TSF, que “o TC não está vinculado ao memorando da troika”.
Para Jorge Miranda, a análise às 16 normas do Orçamento do Estado para 2013 “não pode ter em conta as consequências práticas que o parecer pode ter”, por isso defende uma análise “estritamente constitucional”.
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