segunda-feira, 1 de abril de 2013

“coesão da Europa, responsabilidade e rumo” (Sónia Sanfona/José João Pais)


José João Pais

Eu gostaria de pegar em 2 ou 3 ideias que a Sónia Sanfona trouxe para a discussão “coesão da Europa, responsabilidade e rumo”. Nestas questões não tenho qualquer dúvida, não existem pura e simplesmente. Hoje o problema da Europa é falta de liderança politica. Não existem políticos à altura para a conduzir. Hoje a Europa atua por impulsos. Atacam-se, mal, os problemas quando eles surgem e não por antecipação. Não há um rumo, não há solidariedade (aliás, hoje existe uma solidariedade paga), nem coesão. Os países ricos são mais ricos e os pobres mais pobres.
No que se refere às dificuldades em Portugal, nunca saímos muito delas. Só estivemos bem quando veio o ouro do Brasil e as especiarias da India no século XVI. Depois disso foi sempre a sofrer, com invasões francesas, rei a fugir para o Brasil, guerras civis, dividas do estado, bancarrotas sucessivas, morte de um rei, anarquia com a 1ª República, golpes de estado, Salazar, guerra do ultramar...enfim, uma luz para muitos em 1974. Mas depois voltámos a andar “na pedincha”. Esteve por cá o FMI por 2 vezes depois de 1974, lembram-se?
Caímos, levantámo-nos, tropeçámos novamente. Isto não é azar. É uma questão de mentalidade, de cultura e de alfabetismo, sobretudo. Porque é que isto só acontece nos países latinos, à excepção da Irlanda? Porque é que a outra Europa não tem grandes problemas?
Sónia Sanfona
 
1º Não gastam aquilo que não tem (como qualquer família sabe que tem que fazer). 2º, a riqueza é distribuída equitativamente. O caso da Noruega é exemplar. Os impostos, elevados, têm a sua correspondência no bem-estar que proporcionam às pessoas, na área da saúde, nas reformas dignas, na educação. Por isso é que, paradoxalmente, na Suécia as pessoas recusaram-se a verem os seus impostos diminuídos por temerem que o seu bem-estar possa estar em causa. O Estado é pessoa de bem. Sindicatos e governos discutem de boa fé, confiam na palavra de cada um. A justiça funciona.
E por cá, é assim? Não, não é. Todos sabemos que não é. Nunca foi. Todos desconfiam uns dos outros. O Estado não é pessoa de bem. Eu, se puder, fujo aos impostos porque são injustos, aquele quer uma cunha para entrar no emprego, o outro filia-se no partido, para ter mais oportunidades. É assim em Portugal. A elite politica não tem uma ideia para o país. Uma estratégia de longo prazo, independentemente do partido que governa.
Por exemplo, como queremos que Portugal seja nos próximos 50 anos? Não sabemos. Isso não se discute. Não há tempo. Por isso, quando um governo entra, logo trata de desfazer o que o outro construiu. A nossa elite política serve apenas para manter o rotativismo nos governos e na administração das empresas públicas. E o sucesso parece que não tem sido muito grande, pelos vistos. Vai para 3 anos andavam a discutir o TGV, a 3ª Ponte sobre o Tejo, o novo aeroporto. Afinal, parece que tínhamos “mais olhos que barriga”. Agora andamos a discutir a melhor forma de pagar a dívida. A discutir não...a pagar, porque eu bem o sinto na pele.
Portanto, logo que resolvamos estas dificuldades, viveremos a seguir uns anos bons, mas depois outras dificuldades virão. Foi sempre assim e haverá de ser no futuro. A culpa não é da crise internacional, mas da nossa mentalidade e de sucessivos maus governos.

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