domingo, 3 de fevereiro de 2013

"Cortar no subsídio de desemprego não incita a procurar trabalho"

 Cortar no prazo e no valor do subsídio de desemprego não estimula a procura de emprego. Quem o diz é Raymond Torres, diretor do Centro de Estudos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que se socorre de casos reais que comprovam a sua convicção. Preocupado com o ritmo de destruição de emprego e a fraca capacidade das economias em criar novos postos de trabalho, Raymond Torres defende a suavização dos prazos para a redução do défice, de forma a que possam ser canalizados recursos financeiros para a criação de emprego.
"A lógica de que cortar no tempo e no valor do subsídio de desemprego incita as pessoas a procurar trabalho não tem correspondência com a realidade", precisou o especialista da OIT, que passou por Lisboa para participar num seminário promovido pela representação portuguesa da organização.
Raymond Torres aponta o caso real da Dinamarca, onde este apoio aos desempregados tem a duração máxima da 4 anos, e afirma que não há evidência de que este prolongamento incite as pessoas a ficar em casa ou a recusar empregos. Até porque, sublinha "um subsídio de 450, 500 ou de 600 euros já é um incentivo suficientemente bom para que o desempregado tente encontrar um trabalho". Cortar ainda mais em valores e nos prazos apenas "produz mais pobreza".
Raymond Torres acentua, contudo, que para haver dinamização no reingresso ao mercado de trabalho é fundamental a ligação entre o desempregado e um orientador (ou gestor de carreira) do Centro de Emprego. Mas esta apenas é eficiente se o rácio rondar uma centena de desempregados por gestor. "Neste momento, em muitos países da Europa do Sul há um orientador por cada 400 desempregados. É impossível que funcione", refere.
«DV»

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