Cortar no prazo e no valor do subsídio de
desemprego não estimula a procura de emprego. Quem o diz é Raymond
Torres, diretor do Centro de Estudos da Organização Internacional do
Trabalho (OIT), que se socorre de casos reais que comprovam a sua
convicção. Preocupado com o ritmo de destruição de emprego e a fraca
capacidade das economias em criar novos postos de trabalho, Raymond
Torres defende a suavização dos prazos para a redução do défice, de
forma a que possam ser canalizados recursos financeiros para a criação
de emprego.
"A lógica de que cortar no tempo e no valor do
subsídio de desemprego incita as pessoas a procurar trabalho não tem
correspondência com a realidade", precisou o
especialista da OIT, que passou por Lisboa para participar num seminário
promovido pela representação portuguesa da organização.
Raymond
Torres aponta o caso real da Dinamarca, onde este apoio aos
desempregados tem a duração máxima da 4 anos, e afirma que não há
evidência de que este prolongamento incite as pessoas a ficar em casa ou
a recusar empregos. Até porque, sublinha "um subsídio de 450, 500 ou de
600 euros já é um incentivo suficientemente bom para que o desempregado
tente encontrar um trabalho". Cortar ainda mais em valores e nos prazos
apenas "produz mais pobreza".
Raymond Torres acentua, contudo,
que para haver dinamização no reingresso ao mercado de trabalho é
fundamental a ligação entre o desempregado e um orientador (ou gestor de
carreira) do Centro de Emprego. Mas esta apenas é eficiente se o rácio
rondar uma centena de desempregados por gestor. "Neste momento, em
muitos países da Europa do Sul há um orientador por cada 400
desempregados. É impossível que funcione", refere.
«DV»
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