quinta-feira, 5 de abril de 2012

O PCP defende que o passivo do BPN deve ser pago pela antiga SLN

 O PCP defendeu hoje, segunda-feira, uma nacionalização efectiva do BPN e do grupo em que estava integrado e que o passivo do banco seja pago com "os bons activos" do resto da sociedade, sustentou o dirigente comunista Jorge Pires.
Em causa está um pedido de aumento de capital de 500 milhões de euros feito pela administração do BPN, já confirmado pelo Ministério das Finanças, que disse que a pretensão do banco se encontra "em apreciação".

Numa declaração aos jornalistas na sede nacional comunista, o membro da comissão política Jorge Pires reiterou a posição do PCP sobre o processo envolvendo o BPN e a Sociedade Lusa de Negócios, em que estava integrado.

"O PCP defende uma nacionalização efectiva, e não a prazo, como aconteceu, e que o BPN fosse nacionalizado enquadrado na nacionalização do grupo" -- a Sociedade Lusa de Negócios (SLN), que entretanto mudou o nome para Galilei -, defendeu o responsável comunista, acrescentando que "era no conjunto da sociedade que estavam os melhores activos do grupo".

Os comunistas defendem a assunção, pelo Estado, de "maiores responsabilidades no sector financeiro".

O PCP criticou a nacionalização do banco "apenas a prazo, para limpar o passivo do banco e voltar a privatizar".

Para os comunistas, o Governo tomou "decisões erradas" há dois anos, quando se "nacionalizaram os prejuízos e deixaram nas mãos dos accionistas aquilo que era mais rentável, cerca de nove mil milhões de euros".

"Se tivesse sido feita uma nacionalização com esta perspectiva de o Estado assumir uma maior responsabilidade de intervenção no sector financeiro", o BPN poderia "intervir em áreas de negócio mais especializadas em que a Caixa Geral de Depósitos não intervém tanto, como o apoio às exportações e às pequenas e médias empresas", sugeriu Jorge Pires.

O PCP defende que o passivo do BPN deve ser pago pela antiga SLN.

"Aqueles que foram responsáveis pela gestão do BPN e que usufruíram dos dinheiros do BPN para fazerem bons negócios, que agora assumissem essa responsabilidade de resolver os problemas financeiros do banco", sustentou o membro da comissão política.

O BPN hoje "está numa situação muito difícil, com um saldo negativo de capitais próprios de dois mil milhões de euros, acumula resultados negativos ao longo dos anos, mas tem 1800 trabalhadores", tendo ainda de empréstimos concedidos com o aval do Estado e "se se realizar mais este aumento de capital de 500 milhões de euros, 4700 milhões de euros", afirmou Jorge Pires.

O dirigente comunista lembrou que o banco terá de pagar os empréstimos em 2014, 2019 e 2020 e, se "não gerar os meios necessários para pagar, quem vai pagar será o Orçamento do Estado".

"Ou seja, mais uma vez são os portugueses no seu conjunto que vão pagar, quando os responsáveis por esta situação continuam a gerar lucros importantes no resto da sociedade, que não foi nacionalizada, e que continua a ter bons activos, na área do turismo, imobiliário, automóvel, seguros, como se não tivessem responsabilidade nenhuma", disse.
(Publicado em 2010-12-20- Jonal JN)
ZÉ NADA

1 comentário:

  1. O PCP defende a nacionalização, não diz é onde vai buscar o dinheiro.
    Uma pergunta que não me sai da cabeça é porque não faliu (ou deixaram falir) o banco?
    Todos os dias vão empresas à falência e um banco é uma empresa.
    Risco sistémico, diziam eles...
    Risco num banco que detinha menos de 6% de quota de mercado, e que mesmo esses valor era devido aos clientes "mamões" que usufruíam de taxas ao nível da Dª Branca?
    Na altura a legislação tinha sido alterada e o fundo de garantia de depósitos cobria até 100 mil euros por cliente.
    Aqueles que foram chamados a pagar o ROUBO (os contribuintes) estariam interessados em tirar à sua boca e dos seus filhos para pagar aos tais mamões que tinham 500 mil, 1 milhão, três milhões de euros?
    Há várias teorias, e uma delas diz que tal como fechou a Independente para ocultar um determinado canudo, o BPN fechou para ocultar e reembolsar uns certos movimentos offshore que foram postos a nú pelo neo-nazi Mário Machado.
    Acredito é que reembolsando os pequenos depositantes pelo valor legal, sairia infinitamente mais barato a falência do Banco.
    Por causa dos trabalhadores?
    Mas por um número que ultrapassa 5000 milhões de euros quantos empregos teriam sido salvos neste País com injecções de capital dessa ordem? Decerto mais de 1500 empregos...
    Daqui a quantos anos é que o pagamento de subsídio de desemprego aos 1500 trabalhadores chegaria a 5000 milhões?
    Mais uma vez a história está mal contada e os portugueses a serem tomados por lorpas.

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