sábado, 3 de setembro de 2011

Avante: Crise não se reflete na afluência mas no dinheiro gasto na festa


Em época de crise, com aumentos de impostos anunciados e outras medidas de austeridade em vigor, muitos visitantes poupam para continuar a ir ao Avante, enquanto outros optam por “comprar mais barato” nos três dias de festa.

“Nota-se que o que as pessoas vêm consumir é mais na base dos pregos, da bifana, coisas mais baratas, sim. Também não temos pratos de preços muito elevados, mas o bitoque ou o ‘pica pau’, são comidas mais substanciais e um pouco mais caras, há muitas pessoas que optam por coisas a preços mais económicos”, afirmou à agência Lusa António Ferrador, numa das bancas de petiscos e que “há largos anos” trabalha no Avante.

Neste segundo dia da 35ª Festa do Avante!, de sol, após uma semana chuvosa, António diz não notar menos afluência de público relativamente a outros anos nos vários espaços de artesanato e de restauração (a representar os 18 distritos nacionais e as regiões autónomas) da quinta da Atalaia.

Mas não só de bifanas, pregos e entremeadas se faz a oferta gastronómica do Avante, onde também é possível provar o famoso bolo do caco, típico da Madeira, ou almoçar uma boa mariscada, por exemplo.

Também Maria Augusta, da Amadora, diz que “raramente falha” uma festa e diz que faz questão de vir: “Não podemos estar agarrados à crise, temos de andar para a frente, participar numa festa destas é andar para a frente”.

Esta militante comunista considera o Avante! um momento “extraordinário, não só pela carga política, mas pela alegria, pela juventude, pelo convívio”.

Com mais ou menos convicção política, sendo pelo convívio ou pela oferta cultural, a Festa do Avante!, na quinta da Atalaia, atrai diversos públicos.

João Caldas, do Porto, disse ter regressado ao Avante pela segunda vez ao fim de dez anos e vem sobretudo para estar com os amigos e conviver e questionado sobre as suas opiniões políticas diz com humor: “Sou camarada, camarada dos amigos”. “É uma festa divertida, come-se, bebe-se, ‘tá-se’ bem, vê-se muita gente, convive-se, acho que é importante aqui na festa”, afirma este fã de festivais de música.

Na feira da ladra, entre surfistas, ‘punks’ ou jovens com boinas ‘à Che’, e prateleiras com rádios antigos e máquinas de café, João Matos, um indefectível da Festa do Avante!, procura camisas, que “costumam ser muito boas”.

“Venho todos os anos. Desde o início, ainda na Ajuda, em Lisboa, gosto muito da festa e não há festa como esta. Venho com colegas, fazer compras e assistir também a concertos”, diz, confessando-se “de esquerda e sempre de esquerda”.

Já Rafael, um jovem de boné de artista de hip hop, anda à procura “de roupa antiga, engraçada, diferente, que vá buscar o que era dos nossos avós”. “É o quinto ano ou sexto, acho que é o sexto ano que venho. Este é o melhor festival, que traz mais tipos de pessoas, não só jovens, mas mais velhos, famílias com crianças, é diferente. É um festival calmo, não há muita confusão, traz boas bandas”, resume.

Sobre se abdica de outras coisas para vir ao Avante, Rafael diz não precisar. “Graças a Deus tenho um bom trabalho e vivo em casa dos meus pais, ainda consigo, mas acredito que muita gente deixa de comprar muita coisa e de ir a muito sítio só para conseguir vir ao Avante!, como isto está…”, refere.

Lusa

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