A Planotejo, Cooperativa Ribatejana de Construção Civil, de Alpiarça, empresa que o senhor bem conhece, acabou. Talvez agora, se sintam confortáveis todos aqueles a quem a sua existência incomodava. Mas muito ficou por dizer e esclarecer, sobre as razões que levaram ao fim de uma cooperativa com 30 anos de existência, com obra feita um pouco por todo o país, com uma taxa de empregabilidade significativa num concelho como Alpiarça.
É sabido que a Planotejo era proprietária de um terreno com mais de 600 m2, conhecido como as adegas velhas do Mário Fidalgo, onde actualmente se encontra o Centro Cívico de Alpiarça (Praça José Pinhão). Em meados de 2001, o Dr. Rosa do Céu, a altura Presidente da Câmara, contactou a Planotejo, no sentido de demolir aquelas instalações, para aí criar um espaço de estacionamento.
A Planotejo viabilizou esta intenção, embora com o desacordo de alguns directores da Cooperativa. As instalações foram demolidas, foram retirados os depósitos e patamares em betão armado, demolição que foi naturalmente, bastante onerosa. A Cooperativa arcou com esta despesa, ciente de que estava a contribuir para o bem de Alpiarça.
Mais tarde, com a intenção de edificar o Centro Cívico (parque subterrâneo, praça José Pinhão e edifício envolventes) a Câmara Municipal contactou a Planotejo, propondo a aquisição deste terreno. Depois de vários contactos, foi proposto pela Câmara Municipal a permuta deste lote de terreno por um outro, na urbanização do Fino, no qual, segundo a própria Câmara Municipal, seria possível a construção de um prédio de 6 fogos.
Para o efeito, a Câmara Municipal aceitava retirar o arruamento que passava por baixo do prédio, permitindo que aquele espaço fosse edificado, aumentando a área de construção. Sempre de acordo com as posições manifestadas pela Câmara Municipal, tratava-se de uma questão de fácil resolução. De boa fé, e com o objectivo de viabilizar o projecto da Câmara para o Centro Cívico, a Planotejo aceitou a permuta, nas condições propostas pela Câmara Municipal. Mas boa fé, apenas existiu da parte da Planotejo.
Alguns anos decorridos, quando a Planotejo se viu a braços com dificuldades de tesouraria e necessitou de proceder a hipoteca deste terreno, deparou-se com a impossibilidade de ali construir. Isto mesmo foi confirmado pelo Dr. Joaquim Luís Rosa do Céu, em reunião para esclarecimento da situação, em finais de 2007. O valor do terreno, sem a possibilidade de construir, e praticamente nulo. E o Dr. Rosa do Céu bem o sabia.
Se a Planotejo não tivesse agido de boa fé e não tivesse aceite a permuta dos terrenos, provavelmente a Câmara Municipal teria recorrido a expropriação, e o Centro Cívico ainda hoje não estaria construído.
A Planotejo acabou. Esta e outras situações, que a seu tempo virão a lume, contribuíram para o fim da maior empresa de construção civil de Alpiarça, e a extinção de inúmeros postos de trabalho. A responsabilidade da Câmara Municipal e do seu Presidente, Dr. Rosa do Céu é inquestionável. Como consegue o Dr. Rosa do Céu compaginar o seu comportamento face a Planotejo em inúmeras situações, com as promessas do Governo do seu partido em apoiar as empresas e o emprego? Quem indemniza a Planotejo e os seus trabalhadores pelos prejuízos que causou a Cooperativa?
Resta deixar à consideração do Ministério Publico o comportamento da Câmara Municipal e do seu presidente Dr. Rosa do Céu neste processo negocial. A culpa não pode morrer solteira e as pessoas devem pagar pelos seus actos.
Pedro Carlos/O Mirante
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